quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Ali, agora.

Eu me recusava a entender, a aceitar. Não, eu não sei o que era aquilo, qual sentimento era aquele.

Estávamos há quase 10 horas estudando, sendo seis apenas matemática, quando ela largou o lápis, em um gesto tão seu, tão impaciente e disse, entre suspiros:
“Eu não agüento mais.”
Eu joguei meu lápis dentro do estojo, comecei a arrumar meu caderno e anotações, quando senti aqueles cílios de borboleta em mim.
“Você não agüenta o que? Estudar mais?”
“Não. Não agüento mais de saudades do Du” e com um gesto determinado, pegou o lápis e acabou seu exercício de matemática.

O telefone tocou, uma, duas, três vezes. Silêncio. Então a mãe dela gritou:
“Filha, o Du no telefone” e com um salto ansioso, foi para o seu quarto, se ausentou pelo que me pareceu meia hora.
Ela, então, voltou, sem o sorriso bobo no rosto, perguntando porquê errou aquele exercício bobo de log. Eu corrijo uma conta de multiplicação e vejo uma lágrima involuntária saltar daqueles par de olhos.
“Que foi, ma belle? Vocês terminaram? Vocês brigaram?”
“Não, estamos bem.”
“Porque está chorando, então?”
“porque eu estou com saudades” e se pôs a soluçar. Eu a abracei e então senti.
Não, não devia ser aquilo. Não, não podia, não era certo, correto. Não condizia com os sentimentos, com as atitudes de Maisa Sarkis. Era hipocrisia sentir aquilo.
Mas eu sentia inveja, eu queria estar no lugar dela, eu queria alguém para amar.
Ali, agora.

domingo, 27 de julho de 2008

Quinze anos.

É uma data importante, o dia em que o décimo quinto aniversário de uma garota chega. Já que é a partir daí que uma menina passa a ser moça – embora, hoje em dia, a menarca ocorra, geralmente, entre os 12 ou 13 anos. 11 anos e 8 meses, comigo.
Tradicionalmente, haverá uma festa. Onze meninas, onze meninos. Como sempre, o vestido será o de estilo “bolo”, provavelmente da cor-de-rosa – o que, no meu senso ácido, mais se parece com um gigantesco bolo de casamento, cujo “glacê” decorativo há muito está derretido.
Então, começará a valsa. A primeira será a do pai, os braços protetores envolta da cintura delgada e elegante da menina- que há tão pouco tempo sentava no seu colo e pedira para você ler “aquela” estória, “aquele ” conto-de-fadas, já com os livros em mãos.
O pai, emocionado, balbucia algumas palavras – algum “clichê” hollywoodiano dos filmes pseudos-glamoroso dos anos 50.
A música pára. Todos param. Então, ele chega. O cavalo branco deve estar na porta – todos eles vêm com um cavalo branco, não é mesmo? Como em qualquer “Barbie em: Contos de Fadas. Boneca acompanhada de: Príncipe Encantando e Branco, o cavalo branco. Pilhas não inclusas”, Mas quem se importa? O Príncipe Encantado estava ali.
O sorriso dele iluminava mais do que a Time Square na época do Natal e –ela podia jurar- aqueles são os olhos que jamais esqueceria.
Finalmente, as mãos grandes e fortes cingiriam aquela cintura de boneca, e a valsa recomeçaria.
No primeiro minuto, ninguém dançaria. Mas depois outros casais iriam para a pista de dança. E ela não choraria - havia passado muito rímel naquela manhã ensolarada.
Todos que estão presentes naquela festa veriam um casal jovem e apaixonado, veriam uma moça na melhor parte de sua vida.


Eu não vejo nada disto. Daqui alguns dias farei 15 anos.
Eu vejo nos estrias nos meus quadris - aliás, algumas (atrevidas) começam a subir pela minha cintura não tão esbelta - e nos seios. Vejo também a saliência no abdômen vagabundo aumentar cada vez mais à medida que esta data fatídica se aproxima - sou capaz de notar, até mesmo, celulites outrora inexistentes, em minhas coxas.
Não coloca mais aquele short branco e curto, porque “Maisa! Você não tem mais idade para usar roupa tão curta!” Eu me lembro que elevei, ao menos, meia dúzia de tolos garotos à loucura com este short nas minhas últimas férias de verão.
Eu vejo a placa “Sem Saída” numa rua interminável, chamada “Vida”- e isto não foi retirado de algum poema que todos sabem que existe, porém ninguém sabe qual é. Sei também que minha última desculpa acaba agora- com 15 anos, espera-se de uma menina, não só responsabilidade, maturidade.
Já encontrei meu sorriso e os olhos que não esqueço nunca mais – em corpos imiscíveis, assim como eu e um tal de Amor. Não, meu Príncipe Encantado ainda não chegou. Aliás, desde quando Maisa Sarkis crê em príncipes?
Relembro-me de vários momentos, principalmente daquele dia no qual eu lhe disse, com um orgulho todo inflado: “14 anos, feitos na sexta passada”, todas essas cenas, somadas com um saudosismo impossível para “alguém tão jovem” me compõem.
Década e meia. Já não tão jovem assim.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Elle ne t'aimes plus, mon amour.

.Ela sempre ria quando via a boca roxa e inflada dele. Até mesmo porque só a via assim depois de uma sessão demora de beijos e mordidelas. Particularmente, apreciava quando as mão deles, gélidas e firmes, entravam na blusa de lã quente e paravam na cintura, pressionando os dois corpos, um contra o outro, até quase fundi-los.
Gostava também quando as bocas, cansadas, paravam e ele lambia os lábios femininos. A língua ia e vinha tão promíscua que o rebolado da garota. Então, a língua dela saia, timidamente, e elas faziam amor, lá fora, expondo-se.
Enquanto as mãos deles fundiam seus corpos, ela afogava as suas no mar negro e rebelde, que era seu cabelo, puxando aquela cabeça para mais perto, os beijos ardentes recomeçando.
Hoje a noite, eles se veriam. Porém nada disso aconteceria.
Ela expulsaria aqueles olhos de sua vida.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Diário.

Começara a escrever o diário talvez para isto: contar ali tudo o que acontecia, o medo, o nojo e a pena. Mas começara a manter para ela própria. Mede de que? O nojo vinha às vezes – mas ela achava que todo mundo era capaz de um dia, por algum motivo, sentir nojo de tudo.
Pena - bem, ela já não perdia tempo em lamentar o que podia ter disso e não era. Sobrava o medo – medo de que alguém pegasse o diário e descobrisse que ainda gostava dele, que havia saído com aquele – e, pos isso mesmo, nem mesmo para o diário contava ou admitia o que realmente era: uma moça que já se deixara leva, e agora, que já avançara demais, não adiantava recuar.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Aquela boca.




; A semana passou tão rápida quanto chegou. Numa reminiscência daquela perna no meio das minhas coxas, empurrando-me para a parede. E aquela boca...
Aaaah.... Aquela boca...


ps.: siim, é a boca dele.
ps2.: foto de Allan Chaves.

terça-feira, 18 de março de 2008

Daquele dia?




Você se lembra daquele dia que nós combinamos de nos beijarmos em qualquer lugar, execeto na boca?

ps.: Sim, é a minha boca.

domingo, 16 de março de 2008

Distância.

; a distância nos faz bem. Ela que nos mantêm unidas, que cria o Respeito que anda aflorando em mim. Respeito este que vem devagar e cuidadoso, porém seguro e cheio de si.

ps: para a menina que reside em Londrina.